quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

FB 2 - Fazendo Linguiças - 3.


Defiant by Skye Dodds - Lev Savitskiy - Moonsword

FRENTE DE BATALHA A TRILOGIA
Fazendo Linguiças – Parte II da Trilogia.
As aventuras do Capitão Dorian Alkon na linha de frente do Quadrante Gamma.
Por Marcos De Chiara

Capítulo III
Terra -São Francisco
Bar The Music of the Stars

O bar não estava muito cheio. Era freqüentado basicamente por oficiais da Frota Estelar que residiam na cidade ou que estavam apenas de passagem. Em um canto dois homens discutiam.

_Eu já disse...vai ser muito difícil. A segurança foi reforçada no setor. Não há meios de colocá-lo em uma nave da Frota que esteja indo para aqueles lados. É preciso credenciais que nem mesmo eu tenho. Até naves mercantes estão sendo revistadas de cima a baixo.- dizia Iryal enquanto Barinni insistia na sua idéia de ir para o sistema bajoriano.

_É difícil, mas não é impossível. Segurança reforçada? Sem problemas. É quando se comete mais erros. As pessoas ficam preocupadas demais e acabam se esquecendo de pequenos detalhes. Se não podemos seguir os tramites legais a gente os contorna. Eu posso conseguir as credenciais. Me mostre como é uma. Eu conheço um ou dois falsários que me devem um favor...

_SSSHHH!!!Fale baixo, homem. A Frota tem ouvidos por toda parte, lembra-se?

_Realizar esta matéria vai ser muito importante. Estamos vivendo um momento histórico. Alguém tem que escrever sobre isso. Minha oferta de exclusividade continua de pé.

_Você não entende. Nem a Frota nem a Federação querem alardear sobre a crise que enfrentamos. Isto iria causar um tumulto danado sem contar com os contratos comerciais entre os mundos aliados. Só com esta história da possível invasão do Dominion à Terra que o almirante Leyton inventou fez com que os transportes civis para fora da Terra aumentassem o seu fluxo em quase duzentos por cento. Sabe o que é isso?

_Você sabe que Leyton não estava totalmente equivocado. Senão o capitão Sisko não teria vindo até aqui para uma reunião com o alto comando da Frota. Isto tudo só me dá mais motivos para eu realizar a minha matéria. Eu posso apaziguar as coisas dando um enfoque, de dentro do centro da crise, que a Frota está fazendo todo o esforço para nos proteger. Isto seria bom, não seria? Poderia até conseguir uma entrevista com o capitão Sisko assegurando que nada de mal irá acontecer e etecetera e tal. O que acha?

_Vendo por este lado...

_Nunca saberemos ao certo o que está acontecendo se apenas os militares contarem a sua história. O equilíbrio da balança do poder do universo está para ser alterado, Iryal... Pessoas estão morrendo...Naves desaparecendo... Tratados sendo rompidos...Em cada um destes eventos dezenas de histórias esperam para serem contadas. Você pode fazer parte disso. Você é o âncora do noticiário mais assistido do quadrante alfa. Seu nome ficará na história como o homem que teve a coragem de romper os protocolos em prol da verdade.

_Está bem.Está bem. Você me convenceu. Mas fique sabendo que eu irei editar as suas matérias. Existe o fator segurança. Certos fatos, por questões estratégicas, não poderão vir à tona, compreende?

_Absolutamente!-diz Barinni com um grande sorriso no rosto.

_Eu olho para você e vejo Teraxis. Ele era tão impetuoso quanto você.

_Eu sei que você o apoiou e depois ele desapareceu durante a missão da USS Próxima. Mas não se culpe. Você não tinha uma bola de cristal para saber o que iria acontecer. Foi uma fatalidade. Isto não acontecerá comigo.

_Por que está tão certo disso?

_Porque eu sou mais esperto. Eu ganhei dois Olhos de Shiva , lembra-se?

Iryal fica pensativo por alguns segundos. Bebe um pouco de brandy e por fim fala:

_Vamos fazer o seguinte...Eu vou enviar o seu pedido para ser correspondente no sistema bajoriano. Sua base de operação será a estação DS9. Caso não seja deferido usamos o plano B.

_Plano B?

_Eu arranjo uma credencial e você faz o resto. Não vou nem querer saber os detalhes.

_Agradeço imensamente o seu apoio. Jamais esquecerei! – Barinni aperta a mão de Iryal efusivamente. Então olha para o seu relógio, bebe um último gole e se despede apressadamente. – Obrigado! Obrigado mesmo, mas tenho que ir. Estou atrasado para um compromisso com meu filho. Tchau! Ficarei esperando uma resposta. Tchau!

Timothy Barinni pegou o seu carro e voou para a sua casa em Oakland. Ao chegar  todos já estavam dormindo. Um pequeno bolo cortado jazia sobre uma mesa junto com alguns copos vazios de suco. Sua mulher, Liz, o esperava, acordada, sentada em um pequeno sofá.

_Desculpe querida, eu...

_ Não precisa se desculpar. Ele não reclamou da sua ausência. Não desta vez. Se não fosse pelo presente que você mandou acho que ele nem iria lembrar que tem um pai.

_Liz...Eu estava trabalhando...

_Eu sei, eu sei. O seu trabalho sempre foi mais importante.que a sua família.

_Não faça isso. Não coloque as coisas desta maneira. Eu os amo. Mas nem sempre consigo conciliar as coisas. – Timothy tenta abraçar a sua esposa, mas ela se desvencilha dele.

_Não. Eu estou muito irritada com você. Eu imaginava um outro tipo de vida ao seu lado. Notoriedade, glamour, festas...

_Temos as festas da Associação Interestelar de Imprensa uma vez ao ano...- diz Barinni tentando fazer uma piada da qual Liz não acha nenhuma graça. Ela começou a arrumar a mesa e a levar os pratos para a cozinha enquanto Barinni tentava se explicar.

_Liz...Eu não sou artista. Eu sou um repórter. Desculpe se não correspondi a sua expectativa, mas o meu trabalho não diminui o amor que tenho por você ou pelas crianças. Vocês são tudo para mim.- Barinni vai atrás de sua esposa e tenta abraçá-la por trás. Dessa vez ela não o rejeita.

_Eu estou sendo egoísta, não estou? – pergunta ela ao marido num tom de voz mais reconciliador.

_Não...Não. Você tem a razão. Precisamos de mais tempo juntos. Tenho trabalhado demais. Que tal mudarmos daqui? Respirar novos ares...

_Viajar? Para onde? – Elizabeth Barinni fica animada com a proposta.

_O que você me diz de viver em uma estação espacial por uns tempos?

_Estação espacial? – Liz estava sendo seduzida pela idéia. Só não sabia o quanto esta idéia era perigosa. Fato que seria desvendado em questão de segundos, pois Barinni não conseguia mentir para a sua esposa. Não por muito tempo.

_Pedi para ser correspondente em DS9. – disse Barinni de uma vez.

_Você fez o quê? – Liz se vira e o encara. Ela não estava nada satisfeita. Ela também ouvira histórias sobre aquela estação e sabia que havia perigo por lá.

_Entenda, Liz...É lá que a História está sendo escrita.

_Você diz isso com a cara mais lavada? Diz que me ama e a seus filhos e nos leva pro meio de uma guerra?

_Não há guerra nenhuma. Pelo menos não agora.

_E quanto aos klingons? Não estamos em guerra com eles de novo?

_Tecnicamente sim, mas a Frota pode dar conta deles. Na verdade eles estão mais preocupados com os cardassianos neste momento.

_Cardassianos? Por que?

_Isto é uma longa história. Depois eu conto. Mas acredite quando eu falo que, no momento, não há perigo. Além do mais eu não seria louco de expor, desnecessariamente, você e as crianças ao perigo. Prometo a você que, ao sinal de qualquer ameaça, pegamos a primeira nave de volta para Terra. Liz...Ser correspondente por lá, nesta ocasião, será muito bom para a minha carreira. Não conseguiria me concentrar no meu trabalho estando longe de vocês. Somos uma família.Gostaria que ficássemos unidos neste momento.

_Os garotos são tão pequenos...E tem a escola...

_Eles poderão estudar em um programa de ensino à distância na estação ou até mesmo em Bajor. Mas se você preferir podemos deixá-los aqui com os seus pais. Depois, quando nos instalarmos e sentirmos o clima poderemos mandar buscá-los.

_Deixá-los aqui? Eu é que não vou ficar longe deles.

_Vamos encarar como uma viagem de férias. Um...Dois meses no máximo. Que tal? Temos um acordo?

Liz fica imaginando se seria capaz de se comprometer desta forma. Desde que disse sim àquele homem sabia que assumiria certos compromissos e que um deles era conviver com o perigo, por mais que ela odiasse em pensar nisto.

_Olhe, Liz...Olhe para mim. Não quero te pressionar. Vamos aguardar a minha nomeação. Depois a gente volta a falar nisto. Qualquer que seja a resposta quero que decidamos isto juntos. Só irei pra lá se você concordar.

Eles selam a paz com um beijo. Vão abraçados para o quarto, não sem antes passar no quarto dos garotos. O pequeno Michael estava dormindo abraçado com a nave de brinquedo dada pelo pai.

_Ele adorou o seu presente. Ele o ama também.

_Estou vendo. Eles já estão tão grandes...Como crescem depressa.

_Brian já está com dois anos e Michael com cinco. Ele está cada vez mais parecido com você.

_Coitado...Deixa ele se parecer com ele mesmo.

_Você é um homem bom, Tim. Não se menospreze. Você é um safado, egoísta e ambicioso. Mas eu te amo mesmo assim. Talvez eu goste de brigar com você para ver se tenho um pouco de atenção...

_Esta noite eu vou te dar toda atenção do mundo! – diz Barinni maliciosamente enquanto dava uns apertões na cintura de Liz e beijava seu pescoço.

_Tim...Quieto! Vai acordar os meninos.

_Desculpe...Vem...Quem sabe hoje a gente não faz a Marylyn?

_Marylyn? Eu pensei que tínhamos concordado que seria uma Peggy!

_Peggy? Não...Que tal Carolyn? Era o nome da minha avó.

_Nada terminado em Lyn. Tive uma amiga de infância com este nome que eu odiava. Por que não Marylou, Sue, Susan...

Em meio a beijos e um debate interminável sobre nomes de menina o casal vai para o quarto para uma noite de amor como há muito não desfrutavam.

Texto por Marcos De Chiara.


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